terça-feira, 21 de setembro de 2010

O voo da Guará Vermelha


O voo da Guará Vermelha

                                                                               Autor: Maria Valéria Rezende

Um homem e uma mulher se encontram no fim da vida e se juntam. Extremos de pobreza, de solidão e de doença, juntam-se e se transformam. Transformados, parecem dar sentido à vida e até à morte. Pois embora celebre a vida, o enredo é cercado de mortes, de desencontros, de sofrimentos. Seu enredo é entremeado sobretudo de histórias. Nos títulos dos capítulos, das páginas, mencionam-se cores que se acentuam com o desenrolar da trama e que com ela dialogam: Cinzento e Encarnado, Ocre e Rosa, Verde e Ouro.Umsagüi e uma guará,são lembranças fundamentais na vida das personagens centrais. Ela é Irene, ele é Rosálio da Conceição. Ela é prostituta, ele é servente de pedreiro.  Vivem ambos uma vida cinzenta e áspera como as pedras com que Rosálio marca – no início de sua trajetória  em sua solidariedade para com Irene e Rosálio. Filho de mãe solteira, Rosálio começa por ter de adotar um nome: era conhecido como Nem Ninguém, depois passa a ser Curumim e, finalmente, Rosálio da Conceição na documentação que lhe dá existência civil. Esta invenção de um nome para si mesmo é o primeiro gesto pelo qual Rosálio começa a construir-se como sujeito de sua própria história. Esta história se resume em sua incansável busca por alguém que o ensine a ler os livros que herdou do falecido Bugre, índio desgarrado que terminou de criá-lo, depois de ser por ele salvo de morrer de febre, fome e sede. Os caminhos do aprendizado são tortuosos e cheios de curvas: madeireiras, garimpos, canteiros da construção civil. Finalmente Rosálio se encontra com Irene. Irene é uma prostituta barata: doente e envelhecida, mal consegue os clientes necessários para o dinheiro que precisa levar semanalmente para a velha que lhe cria seu filho. Embaixo do colchão deformado, um caderno e um lápis aguardam a história que ela acredita que um dia vai escrever. No passado, Romualdo, um grande amor desaparecido. E no futuro muito próximo, a morte inevitável por doença terminal(AIDS). Finalmente Irene se encontra comRosálio. Aos poucos, linguagem escrita, livros, papéis, lápis e histórias de boca e de leitura vão crescendo a história. Rosálio aprende a ler com Irene e juntos, na cama velha e estreita, decifram as letras dos livros herdados do Bugre. No caderno de Irene, ela registra a lápis as histórias que Rosálio conta. No corpo e na cama, na vida e na morte eles se tornam um só. E que por isso podem alçar voo para o azul sem fim, título do último capítulo do livro. O leitor, ao fechar o livro, talvez tenha olhos e ouvidos mais abertos para o mar de histórias que se descobrem da história.

 Tambem li mais dois livros, recomendo a leitura para desenvolver o hábito e adquirir conhecimento.


Aluna: Ana Luiza Tadielo  101

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